quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sobre Todas As Boas Cozinhas

Outro dia assistia a um vídeo clipe de Sara Tavares e me veio à cabeça uma coisa que há muito pretendia dizer lá na minha cozinha. Quem conhece a Cozinha da Vovó Conga deve ter percebido que trato de música negra. Mas nem só de música ela vive; vive também de negritude. Então, pra que um blog que trate de negritude?
No dia em que a criei, em fins de dezembro de 2008, lembro de ter em mente a ideia de fazer algo diferente do que eu via por aí. Vejam bem: Diferente; nem melhor nem pior. Sempre que posso (e quando a inspiração me ajuda), procuro falar mais do que as coisas que o faixa-a-faixa nos traz. É uma tentativa de trazer a suncês a sensação das músicas que a gente ouve juntos. Porque, mais do que técnica, música bem tocada tem é muita sensação, impressões, mensagens. No clipe de Balancê, a tal música de Sara Tavares, vi, então, uma cena bacana. É uma música dançante, coisa de preto, mas com gente branca e preta dançando juntas. Muito legal isso! Então, novamente: para que um blog que trate de negritude? Fiarada, não é para dizer que o que é nosso é melhor, mas pra dizer que o que é nosso é de grandíssimo valor. Pra lembrar que temos raízes, que o que é nosso merece respeito e que, queiram ou não, é parte desse todo mundão... e que o mundão é parte da gente também! Ou seja, é um caminho de mão dupla... melhor! É um caminho de várias mãos, porque cultura vai e vem de diversas direções. Eu escolhi falar daquilo que faz parte dos meus pensamentos mais recorrentes. Os fios aqui do Tráfico [i]legal de Música postam de tudo, ou seja, são exemplos dessa coisa bacana que é esse vai e vem de culturas e influências.
Fico felizona quando vejo gente branca ouvindo, tocando e dançando música preta; também quando vejo gente preta ouvindo, tocando e dançando música de gente branca. Assim, nós só ganhamos, porque rumamos prum caminho de unidade, não só de respeito, mas de partilha de valores diferentes, que com o tempo deixam de ser estranhos. Se não fosse assim, nós brasileiros, gostemos da constatação ou não, não seríamos a nação que hoje somos.
Com o prazer de hoje fazer parte da família dessa cozinha multi-cultural, lhes deixo, então, um recado: fios, mantenhamos nossos valores vivos, mas misturemo-nos! Só assim a gente espalha a nossa coisa e a coisa que vem do lado de lá se espalha na gente também.

Texto sampleado do original publicado na Cozinha da Vovó Conga

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